Maurice Blondel (1861-1949) legou-nos uma rica e extensa bibliografia, de que se destacam L'Action (1893) e a trilogia La Pensée (1934). L'Être et les êtres (1935) e L'Action (1936-1937). Os numerosos estudos que se lhe têm dedicado privilegiam, em regra, a "filosofia da acção", mantendo-se por aprofundar a sua metafísica, na qual o projecto inicial se concretiza e completa. Eis o que o presente trabalho se propõe realizar, incidindo sobre La Pensée e reconstituindo a reflexão blondeliana sobre o pensamento desde 1893 a 1934. Do dinamismo da "filosofia da acção" para a análise do tema do "conhecimento", da assimilação do sentido da progressão daquela para a exigência de uma reflexão sobre o pensamento, do estudo da natureza e função deste para a confirmação do projecto primordial da filosofia blondeliana, os passos sucedem-se com crescente entusiasmo. E à medida que a reflexão se aprofunda também esta filosofia nos vai seduzindo: é uma filosofia da natureza que se encobre sob uma metafísica do pensamento, da acção e do ser; é uma doutrina do espírito e uma ontologia que se desvendam no dinamismo que anima todo o existente. É o pulsar desta filosofia inédita que se pretende vir a transmitir nesta investigação que traça o percurso da reflexão blondeliana sobre o pensamento em face das vicissitudes por que foi passando. Maria do Céu Patrão-Neves é professora da Universidade dos Açores, constituindo o presente livro uma versão, profundamente revista, da sua dissertação de doutoramento em Filosofia.