Estaremos nós, hoje, em plena crise da razão, como julgam tantos espíritos avisados e esclarecidos? Assistimos a um regresso em força do irracional? Ou existirá, pelo contrário, um novo tipo de razão que permitirá compreender melhor a complexidade do real, sem que para tal tenhamos de renunciar a explicá-lo de modo inteligível e organizado? O renascimento do Fantástico não implica o caos, mas uma outra ordem, uma outra lógica. Esta obra pretende, precisamente, trazer à luz do dia procedimentos intelectuais que privilegiam um pensamento plural, princípios de antagonismos e lógicas da contradição e do paradoxo. Razão contraditória que foi frequentemente recalcada pelo tipo de racionalidade dominante, constitui, no entanto, a marca dos pensamentos pré-socrático e neoplatónico da revolução renascentista e da filosofia da natureza dos românticos. Recuperando esta herança, cuja extrema modernidade é de surpreender, a racionalidade contemporânea pode recuperar a sua própria vitalidade, adoptar um novo ponto de partida e descobrir um ponto de vista a partir do qual poderemos, simultaneamente, unificar e distinguir as ciências da filosofia. Recuperando «razões» antigas, construímos também uma razão do futuro.