Os Ensaios Morais, Políticos e Literários, de David Hume (1711-1776), aqui apresentados pela primeira vez na integra em versão portuguesa, constituem um corpus heteróclito, uma vez que foram reunidos tendo apenas como critérios o género e dimensões que partilham, permitindo, no entanto, essa heterogeneidade reflectir alguns aspectos da filosofia expressa pelo autor em obras de maior envergadura e vindo a corresponder ao que poderiam ter sido os nunca redigidos Livros IV e V do Tratado da Natureza Humana (1973), que, segundo indicação do filósofo, deveriam ocupar-se da política e estética. Para além de conterem uma parcela indispensável da teoria política humana, a parte mais importante da sua teoria estética e a totalidade da sua teoria económica, apresentam outros sectores, como os da história, da sociologia e da filosofia da religião, um valor e um interesse que impedem possam ser ignorados como contributos complementares ao conhecimento de variados aspectos dessa obra que, juntamente com a crítica kantiana, que significativamente influenciou, domina o panorama filosófico europeu da segunda metade do século XVIII.