Não é conhecida a situação demográfica do território grandolense antes de 1527. Depreende-se, contudo, que este território, praticamente desabitado no final do período muçulmano, começou a adquirir crescente população após a Reconquista, o que contribuiu para a instituição da Comenda de Grândola, por volta de 1385, e para a atribuição da Carta de Vila, em 1544. Com o aumento demográfico, surgiram e/ou acentuaram-se alguns problemas sociais, como o do abandono de crianças, vulgarmente designadas por expostas ou enjeitadas. Menos relevante no século XVI, o problema agravou-se nos séculos subsequentes, atingiu o auge em meados do século XIX e tornou-se residual com o aproximar do século XX. Não obstante as suas especificidades, verifica-se que o Concelho de Grândola acompanhou o evoluir da situação nacional, nomeadamente a de Lisboa. De uma forma (quase) exaustiva, o presente estudo procura mostrar a sua dimensão e alguns aspetos essenciais das suas causas e consequências.